Rappers brasilienses criam letras que convidam os ouvintes para dimensões espaciais e reflexões que expandem a consciência.



Por: Jusciane Matos


Há quem pense que todo brasilense curte um rock de bandas de garagens, ou frequenta os muitos porões do DF. Mas quando o assunto é estilo musical, Brasília dá um show de mistura de ritmos e há muitos que pegaram o caminho inverso e já estão transformando a famosa capital do rock, também na do Rap. A cidade que consagrou artistas como GOG, Câmbio Negro e Japão - líder do grupo Viela 17 -, traz uma nova geração de rappers que inovam e misturam elementos de vários gêneros.

Exemplo dessa nova remessa é o MOVNI, trio composto por Afroragga, Nauí e Doctor Zumba. Oriundos do freestyle, foi nas batalhas de rima que se conheceram e juntos ressaltaram o que há de melhor em cada um. Assim, criaram a Música Orbital Viajante Não Identificada, ou seja, o MOVNI.

Sem estereótipos e preconceitos, o grupo adere desde o canto gutural até o reggae. A liberdade criativa é o carro-chefe dos artistas e para eles, criar, recriar e experimentar é natural. Afroragga acredita que essa é a essência do Rap: o experimento. “Falar em rap experimental é uma redundância porque esse é um estilo que já nasceu com essa característica: experimentar várias batidas.”



LIBERDADE COMO ESTILO

Os dreadlocks e os Black Powers compõem o estilo livre dos garotos que pretendem viver de música no cenário independente.  Inspirados em vários artistas, entre eles Tech N9ne e seu selo Strange Music, os membros do MOVNI intitulam-se como cientistas sonoros e buscam com suas pesquisas, descobertas e criações trazer para o público uma experiência de música que transcende barreiras e abduz o ouvinte para outra dimensão. “Nós pretendemos abduzir as pessoas que se dão a chance de ouvir o MOVNI. Apresentamos um novo mundo musical, uma nova forma de ver o mundo. Nossa abdução é o sequestro da mente da pessoa, trazemos a atenção dela para o nosso som e depois a pessoa é livre para enxergar como preferir”, explicou Afroragga.
A surpreendente qualidade vocal do trio, segundo eles, é instintiva. Nauí explica que ainda não houve oportunidade de nenhum dos integrantes estudarem música formalmente, mas a base no freestyle ajudou muito o grupo. “As batalhas instigam a nossa criatividade, nos motiva a sentir o som. Nosso estudo é assim, 70% intuitivo e de observação, mas pretendemos focar no estudo, na metodologia para aperfeiçoar.”
Doctor Zumba também ressalta que mesmo sem estudo formal, o grupo estuda constantemente, seja analisando outros artistas, como experimentando novas formas de fazer a música em ensaios.       

INVASÃO MOVNI
“Se você cansou de ouvir nas rádios canções iguais, Movni transcende sua mente em versos espaciais. Tropicalista extraterrestre avisa: alienígenas da música chegaram pra ficar.” Assim como nesses versos da música Invasão, o grupo pretende fazer seu papel de protesto social: expandindo a mente dos ouvintes. Para Zumba, o lado social das letras do trio é para “instigar nas pessoas uma expansão de consciência para que elas possam enxergar as coisas mais amplas possíveis e, assim, evitar colocar sempre a desculpa dos seus fracassos em terceiros”. E concluiu: “nossa preocupação maior não é protestar contra uma ou outra instituição, pois nós acreditamos que a verdadeira revolução está dentro de cada um”.
Além disso, o grupo acredita que às vezes a “cura” para muitos problemas está na troca de energias das pessoas. “Nós não sabemos onde vamos estar nos próximos anos, temos consciência da mutação do ser humano e isso nos ajuda a evitar o determinismo. Acreditamos também no processo de cura pela reflexão e pela energia. Essa é uma grande preocupação nossa quando fazemos uma música: passar essa energia boa para quem nos escuta. O palco é nosso templo”, garantiu Nauí.

Saiba mais em - www.movni.com.br


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